REPENSANDO O
ECOTURISMO COMO ATIVIDADE SUSTENTÁVEL E INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA
PERSPECTIVA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO SÉCULO XXI
Magda
Beatriz de Almeida Matteucci
Enga Agrônoma, Dra. Desenvolvimento
Sustentável – Gestão Ambiental/ CDS-UnB
Antonio
da Costa Neto
Administrador, Especialista em
Sociologia do Desesenvolvimento e Mestre em Educação/FMV/UnB
DECARAÇÃO SOBRE O AMBIENTE HUMANO
Estolcolmo1972
Princípio 19
“É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais,
dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida
atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de
uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das
empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre
a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É,
igualmente, essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir
para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam
informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo,
a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos”.
1-INTRODUÇÃO
São inegáveis os benefícios não só
econômicos e sociais, mas culturais, éticos, humanos, ecológicos, dentre outros,
que o ecoturismo e suas práticas podem proporcionar. É indubitavelmente um
recurso e mais que isso, um instrumento significativo para o país, gerando
empregos, a diversificação das relações comerciais e das economias regionais
envolvidas no processo e inúmeros outros fatores possíveis de serem adicionados.
Nisto reside sua relevância, em especial dentro dos tempos em que vivemos em
que tudo se soma e que, frente aos desafios do mundo será pouco todo o esforço
que for feito em favor das questões ambientais, isto é fato.
Impossível abdicar de qualquer forma de
benefício para a construção de uma sociedade melhor, justa, democrática, humana
e que garanta um mínimo de cidadania e dignidade na qualidade de vida de seus
cidadãos. E no presente estudo colocamos em pauta o ecoturismo e a educação
ambiental como pontos fundamentais neste contexto, buscando atender, ainda que,
tardiamente, anseios e necessidades que se acumulam historicamente, não só no Brasil,
mas em todas as dimensões planetárias.
Há, num primeiro e fundamental aspecto,
a necessidade de se estudar sua instrumentalização no processo de Educação
Ambiental – numa abordagem em que se inclui o ecoturismo como instrumento ou
ferramenta para sua implementação de forma eficiente, eficaz e efetiva frente
aos desafios comuns que que o planeta
como um todo enfrenta momento histórico de caos efusivo na virada de século e
de milênio, o que requer uma profunda mudança de paradigmas em todas as
ciências e suas respectivas práticas sociais.
É necessário repensar, ao mesmo tempo, o
contexto tanto do ecoturismo como da educação ambiental inserindo um no outro,
transformando-os, quase que instintivamente em um só bloco, para que suas
teorias, práticas e práxis possam se completar mutuamente, na linha de
instrumentos, ferramentas, métodos e processos, servindo, ambos e,
simultaneamente, às causas e objetivos micro, em nível de pessoa e macro, falando
em grupos sociais e comunidades mais amplas.
Considera-se aqui a necessidade de um
trabalho de conscientização sobre o valor da natureza e da integração do ser
humano com a mesma. E o que fazer dentro de uma abordagem trans, multi e
interdisciplinar, fundindo técnicas e modalidades de se fazer o ecoturismo e,
ao mesmo tempo, a possibilidade de se desenvolver processos de ensinar e de
aprender dentro de uma perspectiva da educação, logicamente, ambiental. Em princípio, atendendo as expectativas, as
necessidades, os desafios e demandas na realidade atual neste sentido, daí a
sua complexidade e pertinência.
O propósito é contextualizar a educação
ambiental dentro do caráter de sua concepção, educando o sujeito enquanto um
“ecoturista”. Projetando e promovendo no próprio ecoturismo elementos que
envolvam o desenvolvimento natural e simultâneo da própria consciência
ecológica no processo do turismo em si, inclusive, como entretenimento e como
lazer.
Possibilitar o acesso a espaços naturais
como cidades do interior, vilas, povoados mais simples, cachoeiras, rios e
montanhas. O convívio com a fauna, a flora, as populações autóctones e propiciar
com que o cidadão perceba esse contexto. Revigorando condições e atendendo e às
necessidades para a sobrevida do ser humano no planeta, com o que se cumpre o
duplo sentido de se promover o ecoturismo, e, ao mesmo tempo educar as pessoas.
Promover, desenvolver o senso e a consciência ecológica inequivocamente perdida
dentro de séculos de rigores de um capitalismo consumista, explorador e
perverso. Sendo esta, uma medida de urgência, inserindo temas como a
preservação das matas e florestas, o declínio da Amazônia, o desmatamento
ilegal e imoral, a questão das águas, do aquecimento do planeta, serão temas
que se desenvolverão quase que automaticamente dentro do contexto uno entre
ecoturismo e educação ambiental dentro de um efeito eminentemente sistêmico,
aqui proposto.
O
presente trabalho teve por objetivo avaliar o ecoturismo como instrumento de
Educação Ambiental numa dinâmica com discentes de duas turmas do componente
curricular Ecoturismo e Meio Ambiente que se integra ao Núcleo Livre da Escola
de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, de responsabilidade da autora
sendo a pesquisa realizada com fins acadêmicos e atendendo a todo este conjunto
de construtos e pressupostos.
2-BUSCANDO
UMA NOVA REFLEXÃO SOBRE O ECOTURISMO COMO POSSÍVEL FATOR EDUCACIONAL
O
turismo historicamente foi e é o maior dos movimentos migratórios da humanidade.
Responde a necessidade do ser humano de espaço, movimento, bem-estar, diversão,
entretenimento, lazer, expansão e repouso longe das tarefas impostas pelo
cotidiano. É uma tentativa de escapar da rotina, conhecer novos prazeres, descobrir
outros horizontes, conhecer pessoas, sabores, experimentar novas emoções. O
produto turístico difere, fundamentalmente, dos produtos industrializados e de
comércio, compõe-se de elementos e percepções intangíveis e é sentido como uma
experiência (Ruschmann,1991).
No contexto da crise ambiental planetária e suas incontáveis consequências,
o que se requer é um novo comportamento humano regido, naturalmente, por outras
percepções. E o reconhecimento do valor e da nobreza do que é o simples, o natural,
o lúdico e divertido. Que se reveste da necessidade de mais do que altas tecnologias,
de desenvolvimento acelerado, de indústrias, do luxo e da ostentação. O
necessário é paz, silêncio, integração com a natureza e seus atributos.
Abandonar metrópoles e buscar o ambiente do rural, de vilas e lugarejos para
conviver com a população local, gente simples e, quiçá, autêntica, talvez seja também
uma forma de lazer e ainda de aprender outros caminhos para a construção de um
mundo e uma vida melhores, se possível, para todos. Dessa forma, o ecoturismo
pode ser, em si, a causa, o efeito, o processo e o resultado de outras
aprendizagens para um novo enfrentamento de uma vida saudável em busca, pelos
meios corretos da felicidade, da paz interior, da saúde e do bem-estar das
pessoas.
O
termo ecoturismo foi cunhado para identificar um segmento do turismo voltado
para o lazer associado ao contato direto com a natureza em sua essência, com
traços de aventura e emoção. E, claro que tais experiências irão gerar,
querendo ou não, altos impactos internos na consciência das pessoas, alterando
– espera-se – de forma positiva e correta seus procedimentos, comportamentos,
sabedorias, em última análise, o que chamamos de educação com eixo no meio
ambiente. Portanto, uma educação ambiental propriamente dita. Se ela já
acontece no real concreto dos que praticam o ecoturismo, porque não
sistematizar e organizar este processo dentro de uma nova visão de
planejamento, ação, em busca de mais e melhores resultados neste sentido?
Assim,
no documento onde estão dispostas as diretrizes para a política nacional de
ecoturismo, este é conceituado como “um
segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar
das populações envolvidas” (EMBRATUR,1994).
E
ainda de acordo com a exposição do Motivos Interministerial nº 005 de 25 de
outubro de 1994, configura-se o ecoturismo como uma “importante alternativa de desenvolvimento econômico e sustentável,
utilizando racionalmente os recursos naturais sem comprometer a sua capacidade
de renovação e conservação, além de proporcionar
benefícios econômicos, sociais e muitos outros para o País, principalmente, em
áreas mais pobres e remotas, propiciando a geração de empregos, a
indução à instalação de micros e pequenos negócios, e a diversificação da
economia regional. Propicia, ainda, a fixação da população no interior e a
melhora das infraestruturas de transporte, comunicações, educação e de saneamento
nas localidades consideradas destinos ecoturísticos. E, fundamentalmente, o
ecoturismo é uma alternativa para financiar a proteção dos recursos naturais e
culturais e a administração das áreas protegidas”.
A falta do que se pode identificar como uma consciência ecológica é em
muito responsável pelos altos revezes e alertas, notadamente, os ambientais a
que todos sofrem: o calor excessivo, a carência de água, de verde, a
contaminação do ar, toda modalidade de poluição, o aquecimento global que
acabam por sintetizar uma espécie de “suicídio coletivo da humanidade”.
Possíveis de serem neutralizados ou reduzidos com uma carga extra de educação
ambiental e a que mais e mais pessoas tivessem acesso, discernimento,
aprendizado e domínio. Seria, enfim, o referendar de uma nova cultura e uma
nova consciência muito mais voltada para os valores e necessidades da vida, do ser
humano e do planeta. E se o ecoturismo, suas práticas – e outros
empreendimentos que fogem aos limites do presente estudo –podem ser
instrumentos para este processo de educação tão necessário como urgente, por
que não agilizar meios de operacionalizar tal processo? É preciso agir enquanto
existe vida.
O
ecoturismo é uma atividade perfeitamente sintonizada com o ambiente e o meio
sócio/cultural, o que necessita ser comprovado. Extensos danos podem ocorrer no
ambiente e em todo tipo de vida a ele associado (Dodge, sd.).
3-A
DUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DO CONTEXTO DO ECOTURISMO
Do
verbo latino “educare”, educação significa arrancar para fora, sair, “como uma
planta sai da terra ou germina por própria energia”, embora necessite de um
ambiente adequado, água, higienização e outros cuidados, muitas vezes
dependendo da ação e do conhecimento de outros. Educar e educação perpassam as
etapas do acesso ao novo, do domínio do conhecimento e das novas performances
aí adquiridas, sua operacionalização na prática e as transformações aí
auferidas (Costa Neto, 2012).
O ser que se educa deverá mudar na sua
forma de ver e de fazer as coisas – pois por educação subentende-se mudança,
transformação no como externar seu comportamento, seu caráter, o saber e sua
cultura. O que identificamos como a filosofia da práxis, ou seja, o novo, o
diferente com o qual se opera, esperando que seja, logicamente, para melhor.
Educação e vida são facetas de um mesmo código e uma deve interferir na
outra de forma a moldar o seu status, sua operação e seu modo. Num mundo eivado
pela educação e suas práticas as suas relações deveriam ser melhores, mais
perfeitas, mais ajustadas ao que se busca, ou seja, um convívio franco, justo,
agradável, confluindo melhorias da qualidade da vida em todos os seus aspectos.
Assim sendo, como seria a sociedade de hoje se comparada a décadas ou, até
mesmo, séculos atrás?
Assim como na planta que se desenvolve, cresce, muda, a educação brota
de dentro para fora enquanto a pessoa equaciona seus objetivos ou ideais com
suas energias, aproveitando para tal das realidades circunstantes. É cada um
que se educa a si mesmo. Outras pessoas podem favorecer ou prejudicar o
processo, mas a última resposta tem que ser dada pelo próprio indivíduo. A
educação, em especial aquela que se refere ao meio ambiente e às questões
congêneres tem que ser libertadora, ela não pode ser impositiva ou
massificante. Para isso deverá ser criadora, enquanto permite à pessoa ser ela
mesma num sentido dinâmico de fazer opções” (Camargo,1991).
Portanto, todo processo educativo em si
deve abranger todos os aspectos da personalidade e não, meramente, o
intelectual ou o profissional, numa sistemática que dura toda a vida. Como um
sistema aberto, em interação com o ambiente
o educando transforma o que recebe, ordena e reordena, criando coerências
outras. Engendrando, portanto, novas histórias por meio dos novos saberes.
(Ferguson,1980 & Camargo,1991).
A
educação, levando o indivíduo a construir-se a si mesmo, leva-o a descobrir seu
lugar na sociedade não como objeto, mas como sujeito consciente e transformador
desta mesma realidade (Freire, 1980 & Camargo,1991).
Assim posta, a educação requer
antes de tudo que os “seus agentes desenvolvam, dentre muitos outros, um
compromisso social e político, questionando causas e efeitos dos resultados
vivenciais e construindo, ao mesmo tempo, a dinâmica de uma nova ordem
existencial e social a partir da solidificação dos valores humanos realmente
necessários: consciência crítica, participação ativa, questionamento,
integração cooperativa e facilitadora de conquistas para todos (Costa
Neto,1994).
Sendo a educação um processo de
transformação, quando voltada para a natureza, cabe a ela, essencialmente,
desenvolver potencialidades latentes, fazer eclodir algo novo e estimular
outras ideias para minimizar ou evitar os danos ao meio ambiente, despertando a
criatividade que existe dentro do indivíduo para resolver ludicamente os
problemas, destruindo o condicionamento anterior para criar novos hábitos e
rotinas com a natureza (Azevedo, 1995).
Isto porque o meio ambiente natural é
interação de vida no seu pleno sentido, necessitando seriedade nas decisões em
alterá-lo pois, nesse processo a maior vítima é quase sempre o ser humano que
atua sem que saiba como seu próprio algoz. Daí a necessidade, diria, mais que
urgente de se reformular esta mesma consciência, o que aqui chamamos de
educação ambiental (Godinho, 1973).
Dentro
dessa linha de pensamento os “educadores ambientais não só brasileiros ou
latino-americanos têm insistido e conquistado espaços importantes, quando
afirmam que a educação ambiental é, principalmente, uma educação política que
visa a participação do cidadão e da cidadã na busca de alternativas e soluções aos
graves problemas ambientais locais, regionais e globais” (Reigotta, 1997).
A
Carta de Belgrado, 1975, preconiza como objetivos da Educação Ambiental, que o
indivíduo adquira valores sociais, um profundo interesse pelo meio ambiente e a
vontade de participar de maneira ativa em sua proteção e melhoramento;
adquirindo as aptidões necessárias para resolver os problemas ambientais
diversos e superar os desafios afins, o que vem demonstrando a profunda
necessidade de urgência neste sentido.
Esses
são os objetivos propostos por quem já possui satisfeitas suas necessidades
básicas, os países industrializados e muitos, pós-industrializados como tem
sido a grande tendência do presente milênio, em, praticamente, todo o mundo.
Que compromisso teria um pobre excluído dos benefícios do progresso, em evitar
a degradação ambiental, se a sociedade em que vive não cuida de impedir sua
degradação como pessoa? Esse é o questionamento do terceiro mundo e que abre
profundas feridas vivas e sangrentas que suplicam pela cicatrização e a cura.
Os
danos ao meio ambiente são as consequências do modelo de desenvolvimento que as
sociedades escolheram, de certa forma insensíveis para com as pessoas e as
condições de vida em um sentido mais amplo. Dessa maneira, é impossível
analisar questões ambientais sem estabelecer uma relação entre riqueza,
qualidade de vida, miséria e degradação ambiental, fome, pandemias, desemprego,
violência e inúmeras mazelas que invadem o mundo e que o ser humano parece
assistir de braços cruzados, pois, não foi, para isso educado ou informado. Em
Tibilisi, 1977, se reconhece que o meio ambiente “não é somente o meio físico e
biótico, mas também, o meio social e cultural, relacionando os problemas
ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem”.
Essa
maneira de se pensar desperta para a necessidade de programas de educação
ambiental e, principalmente, envolvendo uma atividade como o turismo. E, neste
sentido, o ecoturismo oferece as condições mais que adequadas para a prestação
deste tipo de serviço muito mais do que necessário e que deve ser feito com a
maior urgência se quisermos, de fato, sobreviver a toda esta crise análoga,
singular e diferente de todas as demais crises ambientais que já tivemos em toda
a história da humanidade.
Conforme afirma Capra (1990) a crise
ambiental que vivemos hoje é gigantesca e singular. Jamais estivemos à beira de
situações tão graves e definitivas a ponto de colocar em risco as condições de
vida e, em última análise, até mesmo a existência do planeta terra. E algo fica
claro que a solução de quaisquer dos problemas do atual desafio requer a
solução de todos os outros com os quais se envolve e se define. É, portando,
uma questão clara de mudança de paradigmas para o que teremos que educar ou
reeducar as pessoas dentro deste contexto ambiental e aqui sugerimos uma ponte
de ligação imediata com o ecoturismo e as suas características.
Porque, como alerta Hurtado, 1992, em seu
livro Educar para transformar, transformar para educar, os programas de
educação popular, para produzirem mudanças e gerarem ações coerentes com os
objetivos políticos colocados pelos responsáveis por eles, devem adotar
posicionamentos metodológicos, filosóficos e paradigmáticos com coerência
interna, externa e uma concepção, no mínimo, dialética que lhe deem coerência
política e assertividade ética no planejamento e na execução de cada uma de
suas etapas.
· Lei nº 9.795, de 27
de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
·
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
·
EMBRATUR 1994 - “Segmento da atividade turística que utiliza
de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua
conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”.
A dinâmica foi aplicada em datas distintas
em aulas síncronas. A primeira dinâmica com a Turma A em fevereiro de 2021 e
posteriormente com a B em agosto do mesmo ano. As turmas eram compostas de
estudantes de diferentes cursos da UGF: Agronomia, Medicina Veterinária,
Biologia, Educação Física, Filosofia, Geografia, Ciências Econômicas,
Biomedicina, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Florestal entre outros.
No primeiro momento o(a)s participantes refletiram sobre o tema e posteriormente foram convidado(a)s a responderem a seguinte questão: Como o Ecoturismo pode ser uma ferramenta de Educação Ambiental? Os resultados antes de serem analisados no presente estudo foram testados pela ferramenta livre CopySpider um detector de plágios. A metodologia aplicada foi a qualitativa na busca de entender quais as percepções individuais do(a)s discentes sobre o objeto de estudo do componente curricular o ecoturismo. A análise foi univariada.
Todos os participantes - 100% relacionam o
ecoturismo ao viés conservacionista da educação ambiental, com estratégias de
diversificação dos métodos e processos neste sentido. Desses, 26% creditam que a
consciência/conscientização do valor da natureza através do ecoturismo levará a
despertar no praticante a necessidade de preservação/conservação da mesma. Uma
noção subjetiva considerando assim infinitas possibilidades de se associar o
ecoturismo com as práticas da educação ambiental no processo, no método, na
criatividade, na participação ativa no contexto pedagógico e, no mais
importante, que é a internalização dos conhecimentos, da nova cultura,
reformulando, desta forma, comportamentos e procedimentos em termos da
interação com a natureza, o encantamento, a preservação e o respeito a ela.
Neste contexto 10% creditam a beleza cênica a responsabilidade por despertar no
ecoturista a consciência da necessidade de preservar/ conservar a natureza,
conforme já foi explicitado.
Em consonância com a Base para a ação contidas
no Cap. 36 da Agenda 21, 18% dos discentes afirmam ser possível construir um
desenvolvimento sustentável através de atividades ecoturísticas.
Agenda 21, 36.3 - O ensino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento
sustentável e para aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio
ambiente e desenvolvimento. Ainda que o ensino deve ser incorporado como parte
essencial do aprendizado. Tanto o ensino formal como o informal são
indispensáveis para modificar a atitude das pessoas, para que estas tenham
capacidade de avaliar os problemas do desenvolvimento sustentável e abordá-los.
Agenda 21, 36.10; (g) - Os países devem promover, quando apropriado, atividades de lazer e
turismo ambientalmente saudáveis.
O destaque no presente estudo é o emprego do
termo “importância” mencionado em 30% das respostas quando fazem referência a
preservação/conservação da natureza. Um indicativo do valor atribuído ao
ambiente. De ser o mesmo imprescindível.
No que se refere a promoção do bem-estar e a
qualidade de vida ambas preconizadas tanto na conceituação da educação
ambiental quanto do ecoturismo esse viés é pouco constado neste estudo, apenas
1% tem essa atividade como promotora de bem-estar na população autóctone.
Outro aspecto ignorado pelos discente é o
viés cultural que se pretende seja protegido/conservado via ecoturismo. Um
indicativo tratar-se de um assunto a ser melhor trabalhado no contexto da atividade
turística.
Das
23 respostas desta turma as eliminadas foram: as respostas 3, 10, 12 e 13.
1 - O ecoturismo propõe ao ser humano uma
possibilidade de entrar em contato direto com a natureza, podendo fazê-lo
aprender sentindo na própria pele a importância da conservação da mesma, o que
conscientiza pessoas do mundo inteiro para a sustentabilidade. Sendo assim,
acredito que não há forma melhor de educar alguém sobre a importância do meio
ambiente e tudo que o envolve.
2- O Ecoturismo reúne 2 coisas importantíssimas, o lazer
e a educação, então no prazer de uma viagem ou visita, de conhecer algo novo, o
cidadão também aprende a importância do meio ambiente e do porquê ele deve ser
preservado, sendo assim, firmando o Ecoturismo como objeto fundamental da
educação ambiental.
3
- Plágio
4 - O ecoturismo é uma ferramenta importante
para a preservação do meio ambiente pois garante a preservação durante um
turismo na natureza, conscientizando os turistas sobre a importância de se
conservar a harmonia natural do ambiente e de forma sustentável.
5 - Através da informação, da
conscientização, mostrando que se pode desfrutar de tudo o que o ambiente nos
oferece sem a sua degradação.
6 -
O ecoturismo pode ser uma ferramenta de Educação Ambiental porque é um exemplo
de como o ensinamento teórico funciona com excelência na prática. Além de ser
capaz de influenciar os turistas a manejar de forma sustentável, mostrando que
podemos sim conviver em harmonia com o meio ambiente, conservando e preservando
o mesmo, sem causar destruição.
7 - O ecoturismo traz conhecido esses ambientes com a
natureza, assim, trazendo uma relação mais intrínseca do homem com o meio,
consequentemente proporcionando um maior cuidado e preservação por tal âmbito.
8 - Por meio de projetos de educação ambiental,
aos visitantes e moradores locais. Estes projetos podem incluir: palestras
temáticas; placas educativas com textos simples que falem sobre o local, a
importância para o ecossistema, de forma que as pessoas parem e leiam; uma
conversa sobre o local, a importância, etc. entre empresas turísticas antes,
durante e após os passeios com os turistas; oficinas com práticas de
sustentabilidade, como coleta seletiva, reciclagem, reaproveitamento, que se
destinem a todas as idades; a própria observação e vivência naquele ambiente de
natureza proporciona valorizar o Meio Ambiente, fazendo necessário incentivar o
ecoturismo o que aumenta as práticas sustentáveis durante a busca por destinos
na hora de viajar/passear.
9 - Utilizar as belezas naturais juntamente com a diversão
é uma ótima "brecha" para a educação ambiental. Incentivar sobre a
preservação e conservação de tais lugares sem tirar o foco do descanso que a
pessoa busca é fundamental, demonstrando que os recursos não são renováveis.
10 - Plágio
11 - Como o ecoturismo é
um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o
patrimônio natural, cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de
uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente ou seja
quanto mais essa forma de turismo for incentivada mais pessoas aprenderão sobre
a importância de preservar o meio ambiente, quanto mais ecoturistas mais
educados ambientalmente seremos, assim o ecoturismo se torna uma importante ferramenta
para a preservação e o compartilhamento de informações serão uteis a nossa
necessária e incessante busca pela educação ambiental de todos em nosso
planeta.
12 – Plágio
13 - Plágio
15 - Ele pode auxiliar no
discernimento social do estado em que se encontra o Meio Ambiente, ajudando a
espalhar as devidas atitudes a serem tomadas para amenizar os estragos causados
à natureza.
16 - Com o objetivo de "turistar" e
conhecer o local, surge uma grande oportunidade de se ensinar a Educação
Ambiental, por meio do próprio lugar àqueles turistas.
17 - O ecoturismo pode ser uma
forma da população conhecer o meio ambiente pelo contato direto, gerando e
propagando a importância dos recursos naturais.
18 - Principalmente pela
conscientização e agregação de conhecimentos por parte dos ecoturistas ao
participar e interagir com o ambiente de forma responsável
19 - Pois o ecoturismo e a
forma de mostrar e demonstrar as belezas e riquezas do planeta, e conscientizar
as pessoas do que fazer para preservar.
20 - Com o Ecoturismo
busca-se conscientizar a população local para a exploração do patrimônio de
forma que consiga proteger o local, conservando-o, diminuindo assim a
degradação ambiental.
21 - O Ecoturismo pode vir
a ser uma ferramenta de Educação Ambiental a partir do momento em que ele
proporciona a pessoas muitas vezes uma experiência marcante em algum ambiente
natural, a partir disso o indivíduo aprende o quão importante é a preservação
do meio ambiente.
22 - O Ecoturismo como
ferramenta de Educação Ambiental instrui as pessoas a conhecer os lugares e
compreender que é algo fundamental para nossa existência. Cria um certo vínculo
afetivo nas pessoas, o que faz com que elas tomem consciência de que precisão
preservar e conservar o meio ambiente.
23 - Quando o ecoturismo
pode transmitir alguma experiência em ambiente natural, nesse momento a pessoa
que teve tal experiência vai aprender e ajudar a preservar o meio ambiente.
Turma B –
agosto de 2021
Das 16 respostas desta turma as eliminadas
foram as respostas 6, 8 e 11.
1 - As duas práticas são marcadas por ações sustentáveis,
com objetivo de uma construção de uma visão ambiental de proteção ao meio
ambiente. Nesse sentido, o ecoturismo pode ser usado como ferramenta de
educação ambiental, visto que é uma atividade que promove em sua prática a
conservação dos lugares e a construção de uma visão ambiental, assim como o
bem-estar dos envolvidos. Possui ainda, uma capacidade educativa e de
consciência, por conta do contato direto com a natureza revelando questões que
não são observadas comumente, aliada a informações sobre a importância da
conservação e preservação do meio ambiente, proporciona ao viajante a
consciência dos problemas socioambientais existentes. Sendo assim o ecoturismo
uma ferramenta prática de educação ambiental, contribuindo com a construção de
valores, conhecimentos e habilidades dirigidas para a conservação do meio
ambiente, incluindo proporcionando ao turista após sua viagem, a criação de
novos hábitos sustentáveis, resultantes da experiência vivida no ecoturismo,
que por sua vez proporcionou a tomada de consciência sobre o meio ambiente ao
viajante.
2 - Ao passo que as
pessoas passam a ter o contato com a natureza (e também com as agressões a
ela), proporcionado pelo ecoturismo, elas passam a se sensibilizar à
problemática ambiental e então aprender como melhorar na perspectiva individual
e também na política.
3 - O ecoturismo vai utilizar a natureza para
que o indivíduo perceba a beleza e para incentivar a preservação e também o
contato com a natureza. O ecoturismo também auxilia na economia local
4 - De modo que uma das bases do
ecoturismo é o respeito ao meio ambiente, sendo assim, uma forma de educação
ambiental.
5 - O ecoturismo pode ser
utilizado como ferramenta de educação ambiental pelo simples fato de ser um
exemplo claro do que é conservação. Ensina ao homem que ele pode se fazer
presente no meio ambiente, não sendo necessária sua retirada de cena, afinal,
ele é um integrante daquele meio. Mas sua presença e suas ações devem conter
consciência e responsabilidade, pois ele pode lesar o meio de forma
irreparável.
6 – Plágio
7 - Aliando o lazer e a
educação o ecoturismo pode despertar a consciência do indivíduo para a
conservação e preservação o meio ambiente, mostrando seu valor imaterial e como
é fundamental para o planeta.
8 - Plágio
9 - Através do ecoturismo
as pessoas são ensinadas na prática a como visitar um ambiente sem provocar
alterações negativas e estabelece um maior contato com a natureza, aprendendo
que cada um tem importância nos cuidados com o meio ambiente.
10 - O ecoturismo pode
ajudar pois busca incentivar a sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o
bem-estar das populações.
11 – Plágio
12 - O ecoturismo é uma forma
prática para aplicar a consciência de sustentabilidade, conservação e
preservação à sociedade.
13 - Com o ecoturismo as
pessoas conseguem conhecer lugares e espaços naturais e reconhecer sua
importância e benefícios para a humanidade. E com essa experiência o ser humano
entende a necessidade de conservar e preservar o meio ambiente e assim o
ecoturismo ser como uma ferramenta educacional para a continuidade de espaços
naturais.
14 - Pode ser um grande
incentivador da sustentabilidade pois atua diretamente com um dos setores da
sociedade mais importantes para o exercício desta atividade: o meio ambiente
natural.
15 - Na medida que o turismo desloca pessoas
para um espaço e pode causar uma situação de perturbação na ordem natural das
coisas daquele ambiente, o ecoturismo pode utilizar desse deslocamento para
alertar para problemas ambientais/culturais de uma região, arrecadar fundos,
difundir e elaborar conhecimento que ajudam a reverter essas problemáticas,
prever novas e movimentar tais saberes no sentido da conservação daquele meio
ambiente. Uma pessoa que vai fazer rafting em um rio mais acidentado pode ser
orientada sobre a preservação das nascentes e de matas ciliares, ou sobre a
importância de não descartar resíduos humanos diretamente no próprio rio por
questões de saúde ou do próprio funcionamento daquele espaço etc.
16 - Em resumo pode ser uma
oportunidade de aplicação das ações pensadas quando se trata de educação
ambiental, uma oportunidade de aplicar aquilo pensado anteriormente, tendo em
vista que é uma atividade em expansão.
É mais que urgente o desenvolvimento de uma chamada
consciência ecológica em seu sentido mais profundo. Faltam às pessoas, tanto
dos empresários, governantes, as pessoas do povo em todas as faixas etárias e
demais condições sociais o senso de cuidado com os recursos naturais renováveis
ou não, a sensibilidade, a visão para o entendimento da importância da
preservação. A visão econômica ressalta aos olhos e para se ampliar esta fonte
de meios todos e quaisquer recursos são válidos: o desmatamento ilegal, o
assoreamento dos rios, a contaminação irresponsável dos mananciais e o uso
desregrado da água para fins industriais, agrícolas, e, em última análise, até
domésticos trazem consequências devastadoras para a vida no planeta, inclusive,
conforme o caso, em muito curtos espaços de tempo.
Se bilhões de pessoas sobre o mundo – dezenas de milhões só
no Brasil – usam desenfreadamente a água, só para exemplificar, no banho, lavando
carros e calçadas, o que parece pouco, mas imagine o que isto pode significar
ao longo das horas, dos dias, dos anos, dos séculos. Tudo constitui um
fantástico absurdo, mas como é feito aos poucos, parece aos olhos incautos dos
pouco educados ambientalmente, muito pouco o seu impacto, o que pode não
significar nada, sendo este um ledo engano e o que tem levado a vida a padrões
quase que insuportáveis e, podendo até, ser demasiado tarde para se tentar
corrigir esta imensa defasagem em termos da possibilidade de vida no planeta.
Assim, se todas as alternativas são válidas nas tentativas de
superação de já muitas décadas perdidas no campo ambiental e ecológico, por que
não utilizar do ecoturismo como uma válida estratégia a mais e que poderá
lograr imensos, positivos e surpreendentes resultados? É só mesmo uma questão
tática, de bom senso, de vontade política. Resgatar o valor da vida simples, do
convívio com nativos, a cultura popular, suas danças, cantigas, brincadeiras,
festas e a descoberta do prazer, do lúdico que tais convivências – perdidas com
o avanço das tecnologias e outros critérios do luxo e da sofisticação – podem
render e proporcionar. A alegria de trocar o ronco efusivo dos motores pelos
românticos e bucólicos canto dos pássaros, o banho quente pela natureza das
cachoeiras, rios, e lagos, a beleza de um entardecer, o admirar um rio de águas
azuis e caudalosas. O prazer e o teor de saúde da comida natural, crua, cozida
a lenha e feita pelas mãos rudes de homens e mulheres simples, puros, cheios de
solidariedade, amor e outros valores, o
frescor dos ares refrigerados pela brisa perfumada que vem da mata, etc. se
todos estes segmentos forem aquinhoados no contexto da educação, certamente,
trará muitas mudanças positivas, pró-ativas e em favor da vida, do bem estar e
da saúde das pessoas, que é, enfim, o que, de fato se espera.
Explorar os recursos e meios do ecoturismo, fundindo-o em um
só bloco com a educação ambiental, caminhando, assim para a unidade em termos
da ciência deve ser sim o grande salto frente às poucas perspectivas e os
muitos desafios que se instalam no bojo do Século XXI onde a humanidade não
pode mais se dar ao luxo de esnobar, de varrer para debaixo do tapete quaisquer
oportunidades neste sentido. O de convencer as gerações humanas da necessidade
e da urgência de se revigorar os valores da natureza, do verde e de sua simbiose
com a saúde, o bem estar das pessoas e o alcance da paz mundial a cada dia mais
fugidia e mais distante. Já passa da
hora da humanidade inteira dar mais que este salto – este vôo – precisamos não
escolher caminhos para a superação deste prejuízo, deste crime silencioso a que
todos vimos sendo praticantes, ou, no mínimo, cúmplices em alto grau de
culpabilidade, pela omissão, a ingenuidade, a falta de iniciativa.
Neste ponto, ou seja, no que diz respeito às questões
ambientais, por falta de formação, consciência, conhecimento, temos errado
muito, mas, felizmente, talvez, até, pelos infortúnios que se acumulam
colocando em risco a nossa vida e a das
gerações futuras, parece que começamos a acordar. Há portanto, alguma
esperança, alguma luz no fim do túnel. E este trabalho é mais um convite a
descruzarmos os braços e fazer, cada um, educados e informados em termos
ambientais a fazermos a nossa parte. A parte humana que cabe a quem ajudou a
destruir e a acabar. Quem apedrejou estará disposto a afagar, a dar carinho, a
cobrir a natureza de carinho, cuidados e afetos. Precisamos agir enquanto
estamos vivos. Amanhã, infelizmente, poderá ser tarde demais.
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